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2 de maio de 2020

A VERDADE

Nei Duclós


Não quero saber das palavras
Das histórias das pesquisas
Dos amores das notícias
Das opiniões das artes
Dos poemas das sinfonias
Dos filmes dos exercícios

Não me interessa a economia
O desperdício das políticas
Dos governos dos golpes
Dos poderes dos crimes das denúncias
Das comidas dos licores cervejas vinhos
Dos jantares encontros contatos
De familias de vizinhos

Não me interessa a idade a sociedade a comunidade
A alteridade a resiliência a ciência e o imaginário

Não faço questão dos corpos da saudade
Nem quero saber dos cuidados amizades vontades

Não quero viver amarrado a contas promessas esperanças fugas

Quero só ver de frente
O que pega. A verdade
Seja ela qual for
Séria, antiga. A coragem
A cavar fundo para encontrar
O que evito nestes versos covardes



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