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20 de abril de 2020

VENTO NA CARA

Nei Duclós


Render-se ao óbvio diante da surpresa
É manter-se ovo sem gerar rebentos
Ficar à mercê dos venenos
Apegar-se ao ninho apodrecendo

É assustador quebrar a casca, alimentar-se de restos
E tentar o voo na precária borda
Falo isso em relação ao poema
Que prefere a tradição do sentimento
O conforto da imagem pronta
E não o vento na cara
E o pouso num incêndio



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