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19 de abril de 2020

AR

Nei Duclós


Como a arte que exerço é silenciosa
Ao criar o que chega e vai embora
Como a vida se repete e se renova
Arte movida em espaços rarefeitos
Onde se respira o ar que os anjos deixam

Por ser assim sem barulho nem conceitos
A poesia dispensa os trâmites da prosa
E não deve despertar quem está calado
Que dorme sem saber do tom precioso
Da palavra seletiva como o ouro
A brilhar no escuro do tempo morto
Onde escutamos o mar distante nos chamando
Com a voz das sereias e a força de Netuno
A dizer-nos sim na época do abandono
Em que silenciamos para que a terra cante



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