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26 de agosto de 2019

PARTIR

Nei Duclós


Partir, dizem os sinais
E as bagagens se acumulam pelo cais
Todos vestem roupas de sair
Deixando o próprio coração para trás

Medo da guerra, medo da miséria
A falta de confiança é geral
Não há futuro na pátria que já era
Embarcam no adeus, a fuga contra o mal

Mas eu fiquei porque não estás de mudança
Abandonada na rua sem vizinhança
Buscas o pão mal rompe o alvorecer
Criança ao colo tens tempo para as flores

Arrancas no caminho as ervas daninhas
E o viço das miosótis esplende em tom diurno
És jardineira, vestido com cintura
Algodão prudente sobre a pele nua

Te imagino minha nessa solidão que tarda
Sigo pelo olhar teu andar enxuto
Só tenho a poesia, último cartucho
Quando explodir o mundo cubro a retaguarda



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