Nei Duclós
Sobrevivi na noite gelada
Na gruta onde velam os deuses da montanha
Foram invocados pelo fogo que acendi no altar de pedra
Com a ajuda de ervas sagradas que brotam no chão
Tinhas me abandonado lá para morrer
Pois não suportas o convívio com teus pares
Eu te escutei mas na hora de falar
Mantiveste os ouvidos fechados a chave
É inútil tentar chegar no templo onde dormi profundamente
E vi no breu desenhados pelas sombras das chamas
Um sacerdote e seus ajudantes
Todos gigantes, guardiões desse território sagrado que
descobres com gestos em câmara lenta
E descreves pausadamente como quem planta um bosque
invisível no deserto
O lugar onde fiquei é inacessível
A não ser que os anjos que sobrevoam as túnicas dos
guardiões te ajudem
Doutor de abismos
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