Devemos nos perguntar o que o pintor eliminou para
selecionar o que vemos nesta pintura apresentada em classe.
A cena se reporta a um entorno que foi sendo desfeito para
podermos enxergar o que realmente interessava mostrar.
Sabemos que na nossa frente há um cena urbana mas sem os
elementos que deveriam identificá-la. Não ha uma rua, um hall de edifício, nem
carros. Há o perfil exato não de uma sobra mas de uma imposição, uma vontade.
Enxergamos uma fuga do acervo oculto e que deveria fazer parte
dele. É como um quarto iluminado que oferece apenas a fresta mínima de luz
junto ao piso. Vemos a cena pintada fugir por esse vão como se fosse a fumaça
escura de um cigarro.
E que chega até nós tomando conta da sala vazia do nosso
olhar. Precisamos estar com os olhos nus para ver o que o pintor apresenta.
Em primeiro plano há o volume projetado de um cavalo cinza
sobre estante âmbar e sob ele em camadas lençóis dobrados de um roupeiro
invisível. Mais nada?
Nada há na pintura que não seja fruto da eliminação a
oferecer um destaque de formas, isentas como um relâmpago.
Nenhum comentário:
Postar um comentário