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2 de dezembro de 2018

NA CLASSE

Nei Duclós

Devemos nos perguntar o que o pintor eliminou para selecionar o que vemos nesta pintura apresentada em classe.

A cena se reporta a um entorno que foi sendo desfeito para podermos enxergar o que realmente interessava mostrar.

Sabemos que na nossa frente há um cena urbana mas sem os elementos que deveriam identificá-la. Não ha uma rua, um hall de edifício, nem carros. Há o perfil exato não de uma sobra mas de uma imposição, uma vontade.

Enxergamos uma fuga do acervo oculto e que deveria fazer parte dele. É como um quarto iluminado que oferece apenas a fresta mínima de luz junto ao piso. Vemos a cena pintada fugir por esse vão como se fosse a fumaça escura de um cigarro.

E que chega até nós tomando conta da sala vazia do nosso olhar. Precisamos estar com os olhos nus para ver o que o pintor apresenta.

Em primeiro plano há o volume projetado de um cavalo cinza sobre estante âmbar e sob ele em camadas lençóis dobrados de um roupeiro invisível. Mais nada?

Nada há na pintura que não seja fruto da eliminação a oferecer um destaque de formas, isentas como um relâmpago.


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