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29 de novembro de 2018

O DOM

Nei Duclós


Perdi o dom da palavra
Que eu trouxe de outra vida
Desperdicei nas estrofes
De dura caligrafia

Não sei como resgatá-la
Na imensidão dos monturos
Sótãos abandonados
Em ruas já sem registro
Limo em fundos de rios
Pedras foscas em cascatas

Sou hoje desocupado
Moro em papelão e granito
Jogam versos das janelas
Para o sonado mendigo

São meus! Reconheço a letra
Do que doei pela estrada
Poemas feitos de barro
Onde soprei minha alma



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