Nei Duclós
Vejo completo no you tube a obra prima de Dziga Vertov O
HOMEM COM SUA CÂMERA, que está além do documentário ou do cinema verdade. Está
nos fundamentos teóricos do cinema sem se render ao discurso narrativo da tradição
literária, teatral ou ensaística, pois usa o cinema para mostrar como a Sétima
Arte engendra a si mesma por meio das relações entre
olho/câmera/realidade/montagem. Ele
mostra porque todo filme é sobre cinema. O protagonista é um câmera man em
constante movimento que participa da construção da modernidade industrial,
urbana, artística, social da União Soviética dos anos 1920.
Nascido Denis Arkadievitch Kaufman ( Białystok, 2 de janeiro
de 1896 — 12 de fevereiro de 1954) adotou o nome DZIGA - palavra ucraniana que
significa roda que gira sem cessar e VERTOV - do russo vertet que significa
rodar, girar. Colocou-se à disposição do regime soviético depois que Lenin destacou
o cinema como o principal meio de divulgação do novo regime. Ttinha como ídolo
o futurista Maiakovski. Mas ele saiu da moldura do regime e projetou-se para os
fundamentos da arte que o seu talento desenvolveu junto com o século.
No seu grande filme, o cinema é o flagrante que a câmara
oculta (a que funciona como o olho do espectador) dá no cameraman e seu tema, a
atividade humana em ritmo acelerado, em que o cinema segue o ritmo do trem, das
máquinas em geral, dos carros e bondes, do impacto do corpo humano com seus
limites diante das câmaras nos redutos do esporte etc. A montagem não é o que
se vê hoje em que os cineastas querem se fazer de interessantes e cometem todo
tipo de excesso. Vertov é criterioso na composição da sua obra, colocando
sempre todos os elementos que compõem a natureza da Sétima Arte, inclusive as
multidões de epsectadores que assistem
ao trabalho do cameraman, ou seja, do próprio cineasta.
Há o olhar do cameraman, o seu objeto filmado (inclusive o
espectador que aparece na tela) e o
terceiro olho, que é o próprio cinema, o filme que estamos vendo. Mais não digo
pois é melhor ver para crer. Está neste link, com legendas em português. O
filme nos impulsiona para a criação, para deixarmos de perder tempo tendo à mão
tantos recursos disponíveis para criar e
produzir conhecimento. Às artes, cidadãos!
https://www.youtube.com/watch?v=QZoddf7_GmQ
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