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2 de julho de 2018

IMPÉRIO

Nei Duclós


A poesia despe o discurso
e revela a dimensão do monstro
Mostra que se negocia quando parece debate
A força bruta decidindo tudo
E as necessidades dos poderes em prontidão

Combustíveis e palavras fósseis
Águas cercadas, saídas para o mar
Ar que ninguém respira
Em acordos provisórios e conflitos definitivos

A História aliada à política busca uma solução em mapas mutantes
Sem atentar para a morte e o sangue
Barcos de migração expulsos nas brigas por territórios
Invasões práticas e utopias obsoletas
Enquanto a poesia observa tentando desarmar a bomba posta no trilho
E se escuta o comboio cheio de gente e bicho em extinção
cada vez mais próximo

O que poderá o artífice com sua escultura
em praças tomadas pelas tropas da sólida argumentação
da dor e do silêncio?

Basta ao poeta a lucidez sem volta que queima navios
e avança em direção ao coração do Império



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