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7 de junho de 2018

DUPLA FACE

Nei Duclós


Cavo à força o barro quase pedra
que cobre a fonte oculta com vergonha de tão rara
Fio ou nesga, fiapo, linha d'água
Sob últimas camadas

Trago o ronco agudo que foi terra
E se dissolve em mãos de miséria
Porque é pobre o árduo esforço
De quem sua mendigando a arte

O fruto é o que se acaba
quando os olhos abandonam a palavra
Que volta ao normal, ser o objeto de dupla face:
o repouso e a alma



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