Nei Duclós
A violência
física é provocada pela violência verbal. A linguagem sintonizada com a paz vem
da virtude, que é a sobriedade e a concentração anulando o desperdício de
vidas. Não se trata de pensar antes de falar, mas de prestar atenção ao
sentimento que provoca a fala. Se a raiva for detectada a tempo, não haverá
motivos para o remorso.
Não é a
letra do acordo que promove a paz, mas o espírito de concórdia que anima quem
assina embaixo.
Transgressão
só existe em relação a algo a ser transgredido. Chutar o balde quando não há
mais balde é chutar o ar.
Não
considero uma única vida suficiente para exercer o ensino. Deveriamos viver mil
anos por vez para nos derradeiros séculos ocupar a orientação numa sala de
aula. Por isso fico admirado com professores muito moços de áreas complexas do
conhecimento. Certamente trazem sua segurança de outras vidas.
Quem sabe é
porque aprendeu. E ensina a quem quiser dos segredos e mecanismos que fazem do
aprendizado um ofício em permanente mutação, comum a todos.
Literatura é
arte para expor o que está entranhado no corpo como o ponto focal de uma
véspera de big bang. E para exercer o talento, essa herança espiritual
misteriosa que vem do berço ou se manifesta estimulada pela vivência.
Emitir um
conceito não é ser definitivo. É a tentativa louvável da síntese, com a menor
margem de erro possível.
Ideias
confusas são um pedido de socorro. Não para o salvacionismo do momento, mas por
estimular a clareza da percepção, salva vidas de todos nós, que nos afogamos.
- O sr. fica
arando o mar. O que espera colher com isso, capitão?
- Planto
florestas de sal, disse Jack o Marujo. É o único jeito de barrar as
tempestades.
- Não gosto
da sua filosofia barata, capitão.
- Não é
barata, é de graça. Você não paga nada para se aborrecer com ela, disse Jack o
Marujo.
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