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19 de outubro de 2017

ADVERSO



Nei Duclós

Ponho sobre a mesa
na superfície de vento
palavras em queda livre
por sua vez, sem o peso
que define o que enxergo

Uma escultura de gesso
seria algo mais denso
do que o poema adverso
feito de gestos apenas
e intenções sem aprumo

Perdi contato com coisas
hoje convivo no escuro
sei que produzo fagulhas
mas são estrelas extintas
Há uma parede, a neblina

Sou artífice sem madeira
Imagino preciosismos
Trabalho de sol a lua
em algo além do ofício
Desenho a voz do futuro


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