Nei Duclós
Sonhei que por engano
me puseram à força numa tropa
Que partiu em avião de paraquedistas
Foi em vão implorar misericórdia
Argumentar que já passei da idade
É bom para tosse disseram no relatório
Desci em minado território
No meio de pelotão de imberbes
Garotos de aldeias remotas
Daquele pais que estava em guerra
Foram todos mortos num campo de refugiados
Escapei pois me disfarcei de bárbaro
Usava uma túnica encardida
E caprichei no sotaque dos safáris
De caminhão em fuga cheguei no mar Adriático
E de lá cruzei de volta em precário bote
Vim amarrado a um salvo conduto
Que diplomata descalço
me alcançara
Quem disse que acordei?
Daqui vejo as luzes de uma terra
Nao sei se serei salvo
Temo ser visto como desertor
Eu que vivo agora à revelia
Dependo de um roto pergaminho
E da boa vontade dps irmãos do continente
Direi que sou voluntário
Improviso de soldado
Combatente que algum deus terá piedade
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