Nei Duclós
Era uma janela aberta para o quintal de terra
E outra para a rua calçada
Saídas naturais do quarto confinado por outro quarto
O dos pais
Da rua vinham os convites para a algazarra
As serenatas para a familia
as carroças de leite ou verduras
Do quintal com cinamomo e galpão ao fundo
vinham os pássaros do verão
os caminhões de entrega
os pés de mamão roçando no muro
Entre o mundo lá fora
e o espaço que havia nos limites do portão
vivi uma vida que de repente se despediu
Foi quando peguei o trem
E do vidro largo olhava a lua cheia
a brotar do pampa como um presságio
Era o tempo que apitava no comboio mastigado pelos trilhos
Eu partia carregado de memórias
Levava no casaco um maço de palavras
cultivadas naquele teto
Era o recado silencioso a cavaleiro da maquina
Monstro que soltava fogo pelas ventas
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