Páginas

20 de abril de 2017

NOVA REPÚBLICA É REBENTO DE 1964


Nei Duclós

Apesar de desmascarada pelos estudos históricos, é impressionante como continua em vigor a versão de que o Exército atendeu o apelo do povo para destruir a democracia em 1964.

Em DREYFUSS, Rene A. - 1964: A Conquista do Estado , fica claro que a conspirata foi urdida principalmente a partir de 1954, quando se tentou intervir na sucessão do presidente Vargas, quase deu certo em 1961, tentativa abortada pela Legalidade, e triunfou em 1964 depois de uma década de preparo teórico e prático, que envolveu os intelectuais das Forças Armadas como Golberi (autor de um livro nos anos 50 sobre as raízes populares do Exército) , o intervencionismo americano da Guerra Fria (que desencadeou a Operação Brother Sam, de apoio físico ao golpe) e o oportunismo dos políticos civis.

A delação premiada da Odebrecht, tão celebrada por outros motivos, deixou claro que Golberi está por trás do fenômeno Lula. Ou seja, 1964 preparou a Nova República, imobilizando o perigo maior , o trabalhismo (hoje entregue às moscas) que poderia voltar com os impactos da presidência Vargas, como a Lei da Remessa de Lucros e a soberania dos recursos naturais (hoje entregues à bandidagem internacional).

A transição do golpe de 64 para a falsa democracia teve o ponto focal em Sarney, o da estrada de Damasco, que exerceu o mandato tampão para fazer a cama onde se locupletam até hoje. A elite civil facinorosa fez o serviço livre da farda, que pagou todo o mico da ditadura. Esta encontrou seu momento certo ao aproveitar os equívocos de Jango, presidente confirmado por plebiscito depois de ter sido eleito vice, que deixou-se levar pelos agentes infiltrados na agitação das ruas e das Forças Armadas. Uma porção do povo saiu às ruas repudiando os atos da presidência e o oprtunismo da esquerda (sempre ela) que inflamou o discurso político até a nação ser colhida pela conspirata. Depois parte da esquerda, a que sobreviveu à tortura e aos assassinatos dos verdugos, voltou e se infiltrou no voto, no qual não acreditam, para juntar-se aos saqueadores do país.

Historia é uma ciência humana, complicada e seu principal pecado é o anacronismo. É preciso apoiar-se nas evidências. Além da intervenção de Golbery no fenômeno Lula, a posse ilegítima do ex-presidente do partido da ditadura, o vice Sarney que nem tinha assumido esse cargo, o levantamento de fontes históricas sobre o preparo e o desencadear do golpe etc. Verificar que a entrega da soberania começou com a traição de JK, que se elegeu com o voto trabalhista e intensificou a corrupção e a hiperinflação, e chegou ao auge agora quando se entrega tudo para chineses, canadenses etc. (solo, terra, minérios, aeroportos etc.) Enquanto o país vai para o buraco, tem imprensa que celebra criminosos que na ditadura assumiram a pasta da Fazenda (o poder civil!) para tornar a dívida externa impagável, aproveitando que não havia oposição no Brasil.

O que não se deve fazer é voltar a ser vivandeira de quartel e pedir que a farda reassuma a versão mentirosa de que atendeu o povo quando apenas contaminou o processo político para sempre depois de longa preparação conspiratória, com apoio do paletó insatisfeito com a ascensão do voto trabalhista nas urnas antes de 1964. O álibi é que o golpe foi contra os comunistas, que são os eternos trapalhões com sua gula de poder e estratégias furadas.



Nenhum comentário:

Postar um comentário