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3 de abril de 2017

ARMISTICIO



Nei Duclós

O ofício em estado de arte
É o que segura em tempo de guerra
O ourives com a aliança mais pura
O maestro a reger uma fuga
O escultor com a consciência do mármore

Ao poeta, por ser sem compasso
E não saber os pendores da trégua
por viver nos espaços intactos
os que sobram depois dos ataques
e por ter o dom da palavra
se encarrega dos atos mais pobres

Ele escreve urgente os recados
que o front acumula entre balas
e envia por sobre as trincheiras
a noticia temida e esperada
Os soldados que caem por terra
são por ele embalados em datas

Só depois do armistício é que leva
os poemas perdidos na mala
Por isso sua obra é a moldura
de uma cena na volta para casa
quando o filho retorna marcado
para a vida que o mundo estragara


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