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28 de março de 2017

OUTRO TEMPO



Nei Duclós

Nem estavas vivo
quando eu já tinha crescido
Meu pai punha chapéu para ir ao centro
A mãe voltava ao meio dia trazendo histórias do povo em fila na medicina pública
Ela atendia os doentes fazendo as fichas
enquanto o doutor se demorava

O país ainda existia
e jogávamos bola nas aulas de educação física
Quebrando geada e vendo o craque Abeguar, nosso colega, driblar todo o time adversário
E depois o próprio time para fazer gol

Iamos ao baile dançar com as gurias e nosso terno bege era escasso e, como nós, tímido

Era outro tempo
que mora em nós
mesmo depois de toda a humanidade ter nascido


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