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1 de janeiro de 2017

SEMENTE SEM ÁGUA

Nei Duclós 
 
Poema não dá vencimento
de reportar o tiroteio
de extrair a essência do conflito
de entender o medo

Poesia fica aquém do tempo
que segue em frente sem sossego
tragédias familiares, mortes políticas
castigos de céus e de violência

O verso não pode passar ao largo
mesmo que sua força seja o sonho
precisa fazer parte, assumir o dano
dizer, mesmo que seja estranho

A arte não se omite, nem faz pose
de ser o que não é, farol humano
É como alguém que perde o ânimo
quando acompanha o rastro de sangue

Só tem a palavra, semente sem água
em território hostil, império do granito
o que pode a voz diante da barbárie
a não ser recitar o que nos ressuscita?


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