Compor a canção com sobras de sons
restos de palavras, vãs embocaduras
grudar extremos atirados a esmo
selecionar um estribilho do lixo
Depois fazê-la ringir nas cordas finas
repercutindo em madeiras ocas
ou saindo pelas aberturas de bambus
improvisar vozes emprestadas do vento
Cantar para ninguém, talvez o mar
que não se importa com desafinações
e costuma anexar o que está solto
como um puçá à espera dos cardumes
Por isso a praia devolve a criação
feita sem querer com materiais avulsos
você escuta a chuva de chiados nas conchas
sou eu, compositor em chuveiros invisíveis
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