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18 de outubro de 2016

ROUPAS DE DOMINGO




Nei Duclós

Não imaginei que um dia
eu seria como sou hoje:
triste
Talvez por ser distraído
não notei que sempre fui
triste

Longas noites de inverno
de asmático destino
Tardes intermináveis
sem companhia
Anos que se passaram
levando tudo embora

A alegria espiava pela janela
e às vezes vinha
era quando eu alardeava
uma conquista
para disfarçar o tempo
em que fiquei fora

Seria sina do indivíduo
ou do genoma
esse clima de apocalipse?
Por isso busco no poema
um paliativo
Roupas de domingo

Aguardo a saída da missa
ela vem, devota
de véu sobre a fita
Sapatinho de verniz
com laço de rosa
E o sorriso, que me cura

RETORNO - Imagem desta edição: detalhe de obra de Franz Xaver Winterhalter

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