Nei Duclós
Voltar é ferimento, ficar é melodia
canto a teimosia, jarro abandonado
corpo que algum dia deixará vazia
a lua quando for arrimo da montanha
Busco minha conduta, roto cavaleiro
que na estrada vislumbrou gigantes
arremeto esta espada que me afia
solto Rocinante no rasgo de moinhos
Verso é trigo raro, serve de alimento
entre duendes que nos acompanham
eles anunciam o ardor da carruagem
miragem que na luz reproduz o sonho
Venha, digo, com o verbo alucinado
dissemino pânico dentro da estalagem
juntem-se ao abrigo que invado insano
aguardo a viração soprando no telhado
RETORNO - Imagem desta edição: obra de Portinari.
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