Nei Duclós
Poesia é arte de suprema força
corça no mato em Diana caçadora
mito sem raça, choque de violetas
pouso suave em delicada sorte
Poesia é pura palavra sem retoque
escultura de gesso no troar da guerra
frágil contexto a despertar sereno
muro de vidro em quintais remotos
Faço o poema quando tudo morre
e o mundo se esmera em sumir de pronto
ergo o casebre que me salvará da queda
escancaro as velas cerzidas sem linhagem
Diga que é perda esse sorrir sincero
e que nada retorna em tanto jogo torto
que eu retaliarei com o mar e sua verve
deusas ocultas de inacessível corpo
Um só rabisco desenhará o estrondo
bomba decisiva, rombo contra o verbo
teu único amigo, o verso que se esgarça
recite para o céu que serás confusa
Os anjos esquecem depois de cada lance
e aguardam traindo o eco das esferas
escrevem sem ouvir a surda companhia
de uma vida maior a espreitar o eterno
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