Nei Duclós
Não tem importância
O que escreves
fica na despensa
Junto às réstias de cebolas
em sacos de algodão cru
misturado aos grãos
Muito abaixo da estante
no porão das sobras
que nem servem de alimento
aos insetos e roedores
Teus versos, tua prosa
tua obra como porção do mofo
O motivo é simples
não fazes parte
tua arte não pinta
não combinas com a escultura
Estás em outro departamento
sem identificação na porta
Quem gosta compartilha
essa vocação de vento
as folhas se dedicam ao supremo
ao cânone, entre uma geração
e a seguinte. És aquele andar
inexistente
Não há ressentimento
apenas curiosidade
se tantos são os autores
avalanche de talentos
por que Deus te escolhe
toda vez que cantas?
RETORNO - Imagem desta edição: obra de Bispo do Rosário.
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