Páginas

10 de outubro de 2015

CORAÇÃO TRAÍDO



Nei Duclós

Pelo amor te ungi minha rainha
e me fizeste cavaleiro andante
peitei gigantes, invadi moinhos
montado em sonho e prataria

Mas traíste o cetro imerecido
o tesouro se condoeu da vilania
Tua beleza foi à lama por inveja
por obra da maçã desperta e suja

Será tarde demais, já dei o alarme
quando acordares do repouso ignóbil
flutuando sem norte na vergonha

E a culpa foi ter me destituído
do papel de consorte, amante, amigo
numa carta inútil, de próprio punho

RETORNO - Imagem desta edição: detalhe de obra de Velasquez.

Nenhum comentário:

Postar um comentário