Nei Duclós
Meu poema tem endereço certo: teu
coração, onde estou perto das estrelas.
Não sei o que fazer com você, flor
que eu não deixo de querer.
Amor não vence por prazo de
validade, nem é erradicado por decreto. Ele se mantém firme, como rara flor no
deserto.
Não esqueça que voltamos à ativa.
Situação em que me tens cativo.
A brisa em tua saia fina em manhã de
praia. Os corpos grudam em nossa alma.
Não pense que te esqueço. Faço
intervalos de ausência sem motivo certo. Como pêndulo, volto ao lugar de sempre.
Quase tudo o que eu disse foi para o
espaço. Ficou apenas um verso pulsando em teu sopro.
O crepúsculo manipula a nuvem como
barro, artesão de formas bizarras, pintor de luzes terminais entre o azul e o
ocre.
Gesto de cisne, rosto ao alto.
Princesa do amor à arte.
A dança que tentaram matar em ti
dorme nas dobras do teu sonho. Tudo despertará com um beijo do novo ano.
A dança é a cura, bailarina. Teu
exercício ilegal da medicina.
Dançaste para mim e assim apertaste
o laço. E eu achando que te cantava!
Exagero para ver se cai tua ficha.
Costure
na bainha o poema secreto. Ele contém o que não posso sentir.
Arrisquei um verso, mas não estavas
mais aqui. Acho que gostarias de ouvir, aflita
RETORNO - Imagem desta edição: Ingrid Bergman.