Nei Duclós
Sou invisível
como anzol no rio
Gota retorcida
armadilha sem isca
Sou barro
na correnteza
fisgo a flor
devolvida
Fiquei assim
quando sumiste
vestida com água
até a cintura
Tento atrair
as últimas escamas
que sobrevivem
sem brilho
Anoiteço, à espera
do teu beijo
noturno. Capturo
apenas a Lua
Borras a superfície turva
no dorso
do redemoinho
Só os pássaros se ligam
Vago, sombrio
em direção ao Prata
Encarno os vestígios
que afundam comigo