Nei Duclós
Posso voar com palavras
posso pousar com silêncios
Viajo à noite no deserto
amanheço sobre as pedras
Esperança é fio de rede
mal cobre nossa promessa
somos a flor que não chora
risco de nome em parede
Posso viver só de brisa
no empório de nenhum vento
Gira o boi preso na canga
dores vindas na memória
Começo é fim de parede
impulso ainda no ovo
meus pés treinados no front
calçam teus olhos de seda
Posso viver só de verso
desde que fiques atenta
Nasci, mas isso depende
se acaso me reconheces
Quando sumir nossa arte
o amor terá outra sorte
Fole do ar que nos falta
Asas de antigo segredo
RETORNO - Imagem desta edição: obra de Manet.