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5 de outubro de 2013

CAIS DE VIDRO

Nei Duclós



Você acorda com a palavra já servida.
Sorves poesia e depois some.
Fico com os pássaros do dia,
que levantam voo em direção ao nada.

Saio então em busca de ervas daninhas,
as sílabas que medram em sementeiras
letras que enchem o bolso para viagem
 vou até a oficina que fica bem no alto
de lá vislumbro o navio que parte contigo

Estás distraída pensando em coisa alguma
habitada pelos versos que te alimentaram cedo
sentirás falta quando a lua crescer na valsa
que dançarás sozinha em convés de espelhos

Estarei esperando com uma nova safra
animais tentam focinhar o presente
que guardo, sonoro, no cais cheio de vidros
fazem barulho quando afio a faca do poema
esta é uma vida à toa, que só o amor concede

RETORNO -  Imagem desta edeição: obra de Picasso.