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2 de setembro de 2013

QUEM EU CONHECI NA JORNADA



Nei Duclós

Conheci pessoalmente Luis Augusto Fischer, Celso Gutfreind e sua esposa Waleska, Escobar Nogueira, Jairo Bouer, Paulo Scott, Tau Golin, Guto Leite nos dias de viagem à 15º Jornada Nacional de Literatura em Passo Fundo, entre 29 e 31 de agosto. A Guto só fui apresentado e não conversamos, pois estávamos de saída. Com o professor doutor Luis Augusto, o casal Gutfreind e o performático Escobar convivi tanto no evento quanto no jantar e nas conversas no saguão do hotel onde ficamos hospedados. Paulo e Tau (que me repassou um belo vídeo sobre sua viagem de barco pelos mares, uma de suas paixões) estavam presentes na mesa do Clube Comercial e tive a oportunidade de escutá-los sobre seus trabalhos. E com Jairo foram algumas horas de animado papo, pois dividimos o mesmo carro na viagem entre Chapecó e Passo Fundo, na ida e na volta.

Gutfreind é, como Luis Augusto, candidato a patrono para a próxima Feira do Livro de Porto Alegre. Torço pelos dois. São escritores e dão aula sobre criação literária por onde passam. Tanto Celso quanto Jairo são médicos psiquiatras, com forte formação no front da saúde, e especialistas em comunicação, pois sabem falar como poucos. Celso é um poeta excelente e nos brindou com as histórias de pessoas que o ajudaram na sua escolha pela poesia e a medicina. O pai, o avô, o poeta Paulo Hecker Filho foram citados na interação com o menino que, hoje maduro, então nos falava, repassando a diversidade de sua cultura.

Escobar Nogueira, além de poeta, é professor de cursinho. Cantou, recitou e contou grandes lances de sua vida, numa pilha que nunca acaba. Mergulhou na sua formação no Brasil profundo, no primeiro filme que viu numa cancha de bocha (Coração de Luto, de Teixeirinha), na paixão pela poesia nativista, notadamente o gênio Jayme Caetano Braun e no cruzamento que faz entre essa herança e as novas aquisições culturais, como a história em quadrinhos, os seriados de TV, desenhos, filmes, músicas etc. Fez assim um mural da cultura contemporânea e as relações com as artes do passado e do presente.

Fischer foi o link entre meu isolamento aqui no norte da ilha e o mundo da contemporaneidade literária ao vivo. Anfitrião, animador, a culta personalidade da Jornada é um estímulo permanente. Lembrei, no encontro, que foi dele uma das poucas resenhas feitas sobre meu livro No Mar Veremos e recitei o poema Esquina, que ele tinha destacado no seu texto de 2001. Fischer é um militante devotado da literatura e entre os debates que coordenou, destacou-se a conversa que manteve diante de milhares de estudantes com o elogiado Humberto Gessinger, do grupo Engenheiros do Havai, popstar articulado e talentoso e autor de livros, autografados por ele no fim do painel. O gancho era o Grenal, mas a essência era a literatura. Muito bom.

Paulo Scott é autor da pesada, que lançou romance e poesia premiados e teve seus contos filmados por Gustavo Polidoro em Ainda Orangotangos.  Tau Golin, polêmico historiador e escritor, contou como trabalha no Rio de Janeiro, em casa, dividindo o tempo entre seus projetos e os que são encomendados. Foi importante saber como agem os autores do país desta segunda década do novo século. Nos parecemos em tudo, nas rotinas, nas demandas, nas obras. O que nos caracteriza é, além da concentração no ofício e a reserva com que ele é elaborado, é a multiplicidade dos trabalhos. Tudo passa por nós, em se tratando de linguagem literária e jornalística. É bom encontrar ao vivo os seus pares.

Jairo Bouer foi uma grande surpresa, pois eu estava defasado em relação ao seu trabalho sobre sexualidade e saúde na televisão e nos grandes jornais. Foi colunista da Folha e agora é do Estadão. Segurou programas na MTV e na Globo, no canal Futura, Record etc. Viaja pelo mundo todo e tem compromissos com eventos toda semana. Mora, como eu, isolado aqui na ilha, mas na região da Lagoa da Conceição. Figuraça.

Ou seja, o mais importante nesses eventos, além da interação com o público, é o encontro entre as pessoas. Cultura, no fundo, é isso.  De quebra, encontrei Paulo Caruso, agitando muito em Passo Fundo. Há anos não via meu ex-colega da revista Senhor, quando compartilhamos muito tempo de redação. Grande Paulo, um dos meus paulistanos favoritos. Me falou da canja que o Roberto Da Matta daria dali a pouco. Achei que era uma palestra, estava cansado e não fiquei. Mas era uma performance entre ele, ao piano, e o Da Matta cantando canções clássicas americanas.  Passo Fundo é vida.

Como todos os autores convidados, também recebi o troféu Roseli Doleski Pretto, a artista plástica e professora uruguaianense que idealizou e coordenou o Museu de Artes Visuais Ruth Schneider e o Museu Histórico Regional de Passo Fundo, durante os anos de 1995 até 2002. Uma gentileza dos organizadores da Jornada a quem agradeço pela experiência maravilhosa.


RETORNO - Imagem desta edição: Celso Gutfreind.