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25 de junho de 2013

SOU DO TEMPO



Nei Duclós

Sou do tempo em que os colégios públicos eram modelos de ensino.

Sou do tempo em que brincar era só no recreio e não em sala de aula no tal aprendizado "lúdico". O ensino era sério.

Sou do tempo em que existia avaliação semanal com posição na classe conforme o número de pontos e notas de comportamento e aplicação.

Sou do tempo em que o professor dizia "de pé quem está conversando" e os conversadores ficavam de pé até o professor mandar sentar de novo.

Sou do tempo do exame oral e de provas decisivas em onze matérias. Reprovava em uma, repetia de ano. Duas reprovações era expulso do colégio

Sou do tempo em que meu pai dormia na calçada no verão e as pessoas passavam e cumprimentavam.

Sou do tempo em que tinha mata mosquito uniformizado e fiscal sanitário com ficha colada na porta da nossa casa onde punha a data da visita.

Sou do tempo em que existia guarda noturno. Eles apitavam.

Tudo isso foi destruído a partir de 1964, um sucateamento consolidado na fase atual da ditadura.

Sou do tempo da sulfa, do cataplasma e da vacina antipiogênica.

Sou do tempo em que não dávamos um tempo, porque o tempo era todo nosso.


RETORNO - Imagem desta edição: Vintage Pictures of Doctors at Work