Nei Duclós
Pediste para ser minha mas me
deixaste confuso. Pois fugiste ao primeiro gesto afirmativo. Quem te entende,
mistério pregando peças?
Já sei onde te escondes. Na sombra
que meu coração faz quando me deixas.
Tenho uma nova teoria do universo,
disse ele. Se eu estiver nela está correta, disse ela.
Piso em ovos para te agradar. Mas
quebras um de propósito.
Cansei de não te amar. Vou parar com
isso.
Continuo querendo. Vislumbro amor,
no tempo esplêndido.
Teu coração sempre esteve seco.
Reguei inutilmente. Flores tardias talvez vinguem por insistência. Mas já
estarei longe, passageira.
Amor a descoberto como cabelo
molhado.Pegando o frio do inverno que começa. Teu rosto em meu pescoço doçura
sem pressa.
Te dei carona a cavalo e fomos para
campo aberto. Os cachorros se assanhara e despertaram as perdizes.
Amor é surra consentida. Quando me
bates na barba que roçou o teu vestido.
Estava pensando longe quando me
deste rasteira. Afocinhei na calçada do lugar que me escondia.
Foste e voltaste da Europa sem que
eu tivesse sabido. Bateste em minha janela com a maior cara lambida.
Deste um
tempo de mil horas e depois pergunta por que demorei.
Conflito é tua praia, xucra, rabo de
arraia. Mas roço o braço na areia onde repousa tua pele.
Fritas no azeite quente a receita
que te dei. Embrulhas para presente a prenda que esqueci.
Não jogo fora o que digo. Recolho no
teu umbigo.
Coloco tudo o que penso. Existo
mesmo que estresse.
Entendo perfeitamente. Digo sim
batendo o ponto.
Não sinto nada. Sinto muito, disse
ela. Serve, disse ele.
Deus falou diretamente comigo, mas
esqueci, disse ele. Na próxima vez me leva como secretária, disse ela. Eu anoto
depois troco contigo por beijos.
Dance, leia, mas não esqueça o
beijo. Ele é a liga de todo o esquema.
Celebro a beleza, única eternidade.
A que está exposta e a que escondes, flor do cascalho.
Passarei o dia a colher conchas.
Mesmo com vento frio e velas que somem. Tenho a companhia das gaivotas, de olho
no mar das sereias.
Passaste rapidamente. Quase consegui
pegar uma porção de ar, mas era tarde. Já estavas no horizonte.
Deixas um rastro quando segues
adiante. Faço um novelo de tuas andanças. Depois te ponho a fiar uma túnica de
contos. Quero saber o que aprontas.
RETORNO - Imagem desta edição: Françoise Hardy.