Nei Duclós
A Europa, com a cultura, enfrenta
o terror de ser humano
diferente de nós, infantes perversos
que decidimos passar ao largo
Ficamos à tona diante dos tubarões,
óbvia ameaça, numa carnificina
entre Cronos e Torquemada
Odiamos quando interrompem
esse confronto com o nada
Enterramos o gênio, passado soberano
e cultivamos uma nação ágrafa
Mudamos a origem para o vazio
fomos criados em Hades e expulsos
para o Paraíso sem a sabedoria
Clonamos a fala do desconforto
que povos maduros criam à revelia
do nosso entorno, somos penetras
no menu bizarro de um banquete
Pularemos etapas para o sabor
de comensais focados ou vamos
açular os cães que nos devoram?
RETORNO – Imagem desta edição: obra de Bosch.