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12 de março de 2013

FLOR DOURADA



Nei Duclós

Não tive mesmo sorte, confidente
o amor passou ao largo, no poente
e eu, navio longevo, atrás da aurora
fiz da memória meu leito de ausências

Imaginei sereias, ilhas nunca vistas
naufraguei na fantasia persistente
um toque bastaria, mas ela não veio
e levei ao fim do mundo minha cadeia

Fui condenado na vocação do abismo
esperando viver ao cabo do cansaço
mas o Mal se manteve, flor dourada

e não desistiu até me ver batido
depois que conseguiu, levantou voo
essa asa da dor num doce pássaro


RETORNO -  Imagem desta edição: Gong Li.