Nei Duclós
Não tive mesmo sorte, confidente
o amor passou ao largo, no poente
e eu, navio longevo, atrás da aurora
fiz da memória meu leito de ausências
Imaginei sereias, ilhas nunca vistas
naufraguei na fantasia persistente
um toque bastaria, mas ela não veio
e levei ao fim do mundo minha cadeia
Fui condenado na vocação do abismo
esperando viver ao cabo do cansaço
mas o Mal se manteve, flor dourada
e não desistiu até me ver batido
depois que conseguiu, levantou voo
essa asa da dor num doce pássaro
RETORNO - Imagem desta edição: Gong Li.