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17 de março de 2013

COLAGEM DE TOM



Nei Duclós

Foi preguiça. Nelson Pereira dos Santos (que dividiu a direção com Dora Jobim, neta do compositor) pôs no ar o copião do seu filme, que poderia ser um documentário e é apenas uma sucessão de vídeos já conhecidos, com algumas raridades. O melhor é o de Samy Davis Jr. em Desafinado, o único estrangeiro que entendeu a bossa nova como sendo samba. Tem momentos preciosos como os clássicos com Sinatra, Judy Garland, Ella Fitzgerald, mas há várias performances de intérpretes do segundo time, que desconhecem o sentido das palavras que estão cantando.

A identificação dos intérpretes, músicos e a época aparecem só no final, quando daria alguma trabalho proveitoso para o espectador colocar essas informações no início de cada interpretação. O cineasta se justifica dizendo que não pôs texto para não atrapalhar a música e impôs o álibi perfeito de uma frase de Tom de que a música basta, é suficiente. Num documentário não é não. Deveria suar um pouco a camisa. A música "segundo" Tom Jobim não signfica que não se possa trabalhar o filme com uma estrutura de documentário em vez de uma sequência de números musicais.

Nelson promete o segundo filme só com entrevistas com e sobre o maestro. Chame um americano para fazer a montagem, senão fica muito amador. Os americanos transformam os assuntos mais banais em documentários épicos e assombrosos. Com Tom seria uma festa. É preciso sentar na edição por longo tempo e fazer algo em relação ao material recolhido. Não pode é optar por uma espécie de sessão de slides pontuados com a melhor trilha musical do mundo. É pouco.