Nei Duclós
Boa noite, disse o sonho. Alguém
ficou aqui te esperando
Amor não fica na fila. É caça
submarina.
Fiquei tão perto de ti que até hoje
não acredito. Momento ilha na solidão infinita.
Se não me respondes é porque não há
mais perguntas.
Pediste um tempo, provaste a
eternidade.
Era o mar sem o limite do horizonte.
Amor a todo pano.
Consultei meus arquivos, estavam
lotados. Todos tinham reserva para te ver no palco.
De que adianta o verso se não há
ninguém que o recite? Fica a pepita no remoto rio escondido na última montanha.
A solidão é só aparência. Quem te
ama está insone. Ligue o botão, labareda.
Ao voltar sozinha e a chave decretar o fim do dia,
desembrulhe o poema que te dei numa esquina.
Sou feito de estrelas. Aponte uma,
te dou de presente.
Esqueci de te dizer. Foi bonito.
Vamos repetir?
Nasci em outro lugar e outro tempo.
Só o amor tomou conhecimento.
Faltavam alguns versos para cumprir
a cota. Decidi deixar para a próxima temporada. Peguei empreitada num
arquipélago. Descobrir onde as sereias se entocam.
RETORNO – Imagem desta edição: In Peril, obra de John
Atkinson Grimshaw