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14 de março de 2013

BOA NOITE, DISSE O SONHO



Nei Duclós

Boa noite, disse o sonho. Alguém ficou aqui te esperando

Amor não fica na fila. É caça submarina.

Fiquei tão perto de ti que até hoje não acredito. Momento ilha na solidão infinita.

Se não me respondes é porque não há mais perguntas.

Pediste um tempo, provaste a eternidade.

Era o mar sem o limite do horizonte. Amor a todo pano.

Consultei meus arquivos, estavam lotados. Todos tinham reserva para te ver no palco.

De que adianta o verso se não há ninguém que o recite? Fica a pepita no remoto rio escondido na última montanha.

A solidão é só aparência. Quem te ama está insone. Ligue o botão, labareda.

Ao voltar sozinha e a chave decretar o fim do dia, desembrulhe o poema que te dei numa esquina.

Sou feito de estrelas. Aponte uma, te dou de presente.

Esqueci de te dizer. Foi bonito. Vamos repetir?

Nasci em outro lugar e outro tempo. Só o amor tomou conhecimento.

Faltavam alguns versos para cumprir a cota. Decidi deixar para a próxima temporada. Peguei empreitada num arquipélago. Descobrir onde as sereias se entocam.


RETORNO – Imagem desta edição: In Peril, obra de John Atkinson Grimshaw