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6 de janeiro de 2013

THE UNFORGIVEN, DE JOHN HUSTON

Nei Duclós

Revi no canal TCM um filme que tinha assistido na sessão das quatro do velho Corbacho, em Uruguaiana. É de 1960, com Burt Lancaster e Audrey Hepburn. A história é de Alan Le May, o mesmo de The Searchers, que foi filmado por John Ford. 


Nesta obra, onde a mão pesada e genial de John Huston se impõe em cada segundo de cinema, garota índia é sequestrada e criada por brancos. Quando ela cresce a tribo (os malvadíssimos kaiowas!) quer resgatá-la e diante da negativa há uma guerra.

O de sempre em filmes genocidas (índio morrendo sem parar), mas o que vale aqui é o drama, a tragédia grega do amor incestuoso entre Burt e Audrey, que matam em cena. Não há carga maior de erotismo e lances de romantismo rasgado e reprimido do que nestas cenas em que o casal se retorce diante do sentimento e da tesão. 


Um assombro. E viamos isso nos domingos à tarde. Por isso saíamos com os olhos esbugalhados do cinema.

No fundo as duas histórias de Alan Le May são idênticas. Em The Searchers, são os índios que sequestram a garota branca e obrigam o tio a buscá-la por anos. Em The Unforgiven, são os brancos que sequestram a garota india e obrigam o irmão adotivo a defendê-la a qualquer custo. 


Em ambas as histórias, a menina é criada numa etnia que não é a sua e toda a tragédia gira em torno dessa diferença. E há o link poderoso entre o veterano e a jovem, nos dois roteiros.