Tenho visto pedaços de filmes ou filme sinteiros e
compartilho aqui algumas impressões sobre o que me encanta e impacta. Roteiro,
direção, interpretação, timing: muitos são os caminhos da Sétima Arte, em
qualquer tempo.
ANIMAL, A HUMANIDADE QUE RESISTE
O filme de 2012 e vencedor de 35 prêmios, Animais do Sul
Selvagem (Beasts of the Southern Wild, que os idiotas batizaram de Indomável
Sonhadora) , do jovem cineasta novaiorquino Benh Zeitlin, é a radicalidade
cinematográfica elevada à máxima potência.
A câmara oscilante como se estivesse a bordo de uma barcaça
em fuga pela invasão das águas da barragem, captura a vida da menina de seis
anos Hushpuppy ( Quvenzhané Wallis, inacreditável) e o pai alcoólatra e
paupérrimo (Dwight Henry, arrasador).
Eles fazem parte de um grupo de pessoas que se recusam a
abandonar a área que será inundada e por essa liberdade de escolha resistem até
a morte, ou ao encantamento, pois a narrativa poética é a solução para
transcender a barbárie.
As pessoas usam a força, a falta de misericórdia e as
estratégias dos bichos para sobreviver. Mas em off a voz é de revelação e
sonho. Não vale chorar, diz o pai para a menina em prantos antes do desenlace.
A dica do filme é de Ida Duclós. Eu nunca tinha ouvido falar
nele.
O RISCO DE UMA DECISÃO
Revi a emocionante cena da narrativa dita em cima de um cavalo pelo pistoleiro que participara de uma revolta armada. O filme é Bite the Bullet (O Risco de uma decisão, 1975), de Richard Brooks.
Montado, indo e vindo em direção ao deserto, como a escolher as palavras e quase se arrependendo do que entregava assim para uma desconhecida, Gene Hackman conta para Candice Bergman sobre a cubana Paula, sua esposa, que conheceu numa guerra (“a batalha foi nossa noite de núpcias”) e a perdeu quando ela foi amarrada com outros reféns numa igreja tomada pelas tropas do governo.
Assalto!, gritou Paula para os combatentes do cerco, entre eles o marido. Selava assim sua sorte, mas apostava na revolução. Ao que os outros reféns, seguindo seu exemplo, gritaram: “Ataquem, ataquem!“ E a tropa realmente atacou, venceu a luta, mas os reféns foram sacrificados.
- “As pessoas com quem a gente casa”, diz Gene Hackman. “Eu não merecia Paula”.
Revi a emocionante cena da narrativa dita em cima de um cavalo pelo pistoleiro que participara de uma revolta armada. O filme é Bite the Bullet (O Risco de uma decisão, 1975), de Richard Brooks.
Montado, indo e vindo em direção ao deserto, como a escolher as palavras e quase se arrependendo do que entregava assim para uma desconhecida, Gene Hackman conta para Candice Bergman sobre a cubana Paula, sua esposa, que conheceu numa guerra (“a batalha foi nossa noite de núpcias”) e a perdeu quando ela foi amarrada com outros reféns numa igreja tomada pelas tropas do governo.
Assalto!, gritou Paula para os combatentes do cerco, entre eles o marido. Selava assim sua sorte, mas apostava na revolução. Ao que os outros reféns, seguindo seu exemplo, gritaram: “Ataquem, ataquem!“ E a tropa realmente atacou, venceu a luta, mas os reféns foram sacrificados.
- “As pessoas com quem a gente casa”, diz Gene Hackman. “Eu não merecia Paula”.
SHARON NA VANGUARDA
A performance de Sharon Stone no filme The Year of Getting to Know Us, de 2008, dirigido por Patrick Sisam, é arrasadora. A mãe louca e obsessiva anti-lactose que atormenta a família com suas ideias fixas, com esgares de rosto demenciais e ao mesmo tempo compondo uma criatura de gestos e falas minimalistas, deveria ser aclamada pelo menos com um Oscar.
Mas passou batido. Preferem vê-la como a que cruzou as pernas em vez de enxergar a atriz que procura se superar. O filme foi apresentado no Sundance Festival, de obras alternativas. É muito bom. Um escritor traumatizado da infância que é salvo por um relacionamento maduro.
A performance de Sharon Stone no filme The Year of Getting to Know Us, de 2008, dirigido por Patrick Sisam, é arrasadora. A mãe louca e obsessiva anti-lactose que atormenta a família com suas ideias fixas, com esgares de rosto demenciais e ao mesmo tempo compondo uma criatura de gestos e falas minimalistas, deveria ser aclamada pelo menos com um Oscar.
Mas passou batido. Preferem vê-la como a que cruzou as pernas em vez de enxergar a atriz que procura se superar. O filme foi apresentado no Sundance Festival, de obras alternativas. É muito bom. Um escritor traumatizado da infância que é salvo por um relacionamento maduro.