Nei Duclós
Acompanhe-se da
beleza. Atrai até estrela de dia.
Vou sumir de novo para ver se tua pele se arrepia assim
quando reapareço.
É mínima a tessitura que circunda a renda fina. Cabe na mão
fechada de um neutrino e tem aquelas funduras zipadas em seda pura.
Fui dar uma volta. Teu coração se partiu fazendo barulho de
lata. Exagerada.
Confessou enfim que sentiu falta. Ato falho sem remendo. Não
pode mais fingir indiferença.
A multidão no evento parou quando assomaste de vestido
vermelho, combinando com tua aparência. Vieste até mim em câmara lenta e todos
foram caindo pelo único motivo da tua beleza. Até que me deste um beijo e só
então foi permitido que continuassem vivendo.
Me tens na mão, pássara sem pouso.
Gostar de ti é sempre claridade. E um sol guardado para os
tempos difíceis.
Ao gostar de ti, melhoro.
Mudaste completamente o rosto. Reconheci apenas uns rastros
do antigo amor. O resto é novidade, criminosa.
Te despedes por hábito, sonhando marés que nos afastam.
Depois voltamos, como as ondas.
Estás a seis mil quilômetros de distância. Me traga um
sorvete. Com tua frieza, chegará aqui intacto.
Quem te mente com gentilezas te fará sofrer com mesuras. Por
isso preferes os ursos, mais sinceros, capazes de destroçar uma colmeia para
alimentar tua doçura.
Nossa loja tem de tudo. Até janela para a noite sem Lua se
tiveres algo a esconder em tuas nuvens.
Bruto como pisar na neve sem resistência, quando mergulho em
tuas águas profundas.
Tens curvas e esse é meu motivo. As linhas retas me
expulsam.
No auge, te pergunto se gostas. Dizes sim com os olhos
porque o resto há tempos ficou mudo.
RETORNO - Imagem desta edição: Eva Mendes.