Nei Duclós
O desenho do gesto formata o mundo
pernas arqueadas de silêncio. formigas
o pingo do corte da papaia na folha
o coaxar contrapondo o címbalo do luto
Escaravelhos ocultos, antenas trêmulas
o olhar da moça mais longo que o desejo
o lento crescimento em direção ao filho
identificada com a criação, som no exílio
O conflito da hierarquia, balde sujo, poça
pronta a derramar-se por um desaforo
rosto submisso que desafia a guilhotina
a paixão do velho, o amor da viúva, vaso
do ciúme que se quebra frente ao espelho
triunfa o coração, fruto denso da atenção
RETORNO - É tarde para a resenha, o filme O Cheiro da Papaia
Verde, de Tran Anh Hung, é de 1993. Mas não para o poema: o verso é de hoje de
manhã