Nei Duclós
Me ensine a ser prudente. Não gastar
tudo no primeiro aperto. Deixar um pouco para a eternidade.
Não perco nenhum verso. Ficam todos
guardados em Vênus.
Protegi teu corpo dos insetos e te
embrulhei em sedas diversas.
Não sabes o que fazer com teus excessos
até que eu surja com dez mil mãos sedentas.
Pode espernear. Estás na armadilha.
Só sai daqui perdida.
Já passa da noite alta. Não há mais
chão para uma conversa. Só nos resta voar para o que interessa
És um espetáculo. Nervoso, perdi
todos os ingressos e furei a lona par ver-te no trapézio
Foste a Paris mas deste falta do que
eu poderia fazer naquela ponte.
Da próxima vez me inclua na bagagem.
Prometo uma violenta dose de romance
Todas as estações são assédio. O
frio congela o que deixas à mostra na primavera.
Voltamos ao banho de mar. Deite na
areia os teus pecados.
O amor é chato. Prefiro o beijo
molhado, teu soutien jogado sobre o sapato.
Uiva o desejo, longe. Mas, pertinha,
fazes cara de paisagem.
Cole sua pele de Lua no grude do meu
espanto. Inaugure a noite. Jogue na cara o cabelo.
Olhei para a Lua. Crescente. Estavas
nua, tremendo.
Me queres? ele perguntou. Desisto,
ela comentou. Me queres, ele respondeu.
RETORNO – Imagem desta edição:
Winona Ryder.