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23 de novembro de 2012

GOSTAR PONTO



Nei Duclós
 
Gostar não tem reparos. É quando só a razão se recolhe à oficina.

Desista de gostar se quiser adaptar o que gosta às tuas formas de bolo.

Gostar não é álibi para decepções. Arroste.

"Gosto muito de você, mas..." não existe. Isso não é gostar. Gosto muito de você ponto.

Quando dizem a cada cinco minutos que gostam de ti é porque preparam algo. Quem gosta xinga.

Gostar não pode virar prisão. Ninguém é presidiário do gostar alheio.

O melhor de gostar é conviver com as diferenças. Fonte inesgotável de saborosas implicâncias.

Gostar pode muito bem passar sem ter de gostar. É uma das qualidades do gostar.

Tempo e distância não matam o gostar, antes o intensificam.  Por isso os reencontros são repletos de palavrões. É a vingança por não conseguirmos deixar de gostar.

Gostar é desqualificar quem se gosta. Porque gostar já sobra, não fica margem nenhuma para salamaleques.

Dizer te gosto uma vez na vida é suficiente. Senão fica fake, vira filme de última categoria.

Não gosto de ti é a coisa mais brutal que se pode dizer a uma pessoa. Quando for necessário, diga.


RETORNO – Imagem desta edição: Jean Seberg e Jean-Paul Belmondo em Acossado, de Godard.