Nei Duclós
Cabelo no ombro, perna de tango.
Olhar indefinido entre a fruta e o tombo.
É a Lua Nova, disse a Noite. Minha
jóia favorita.
Sopro por baixo do pano. Origem de
oculto delírio.
Corpo celeste, ninguém chega perto.
Só se mostra como estrela.
Brisa gelada, suspiro noturno, lava
a aura impregnada da tarde morna. Infla velas no escuro.
Cientistas comprovam o que os
amantes desconfiavam: a Lua cheia ocupa o centro do sistema solar.
Explosões solares tornaram a tarde
de domingo mais insignificante do que o normal. O aviso é aguentar até o cair
da tarde, quando Vésper varrer a modorra acumulado e colocar um brilho na mente
exausta.
Fingias desesperar mas sabias que eu
viria. Por isso deitaste entre flores, lisinha
- Está chovendo, disse ele.
- Viu só o que você fez? disse ela.
- Viu só o que você fez? disse ela.
Esqueci a chave da gaveta dos meus
versos. Vou ter que improvisar. Pelo menos não me repito, exigentíssima.
Ganhei um "querido" da
musa. Perdeu a noção do perigo.
Anunciaste que estavas amando.
Enfarte coletivo dos admiradores. Mas era alarme falso. Franca recuperação em
massa nas UTIs.
Corpo de fim de domingo. Furioso de
tanto tempo.
Trouxe poucos versos, ainda
intactos. O resto estava sujo de batom.
RETORNO – Imagem desta edição: Nicole Kidman em Grace de Monaco.