A terra quer ser sombra de árvore
Para escapar da pá e do pânico
Barras de barro sonham com a planta
Procuram a raiz onde há engano
O chão acolhe o tronco pelo avesso
Cerca-se da projeção da folhagem
A grama é convite em forma de tapete
Nosso olho enfim se compromete
O parque em obras mostra as entranhas
Desencava o desespero das sementes
Nesse monte nasce a mão que escreve
A cena revela o que nos esconde
Passamos ao largo como sonâmbulos
Há um oculto jorro de sonho verde
RETORNO - Imagem desta edição: obra de Eliane Fogel