Nei Duclós
Nenhuma palavra se perde, semente de beleza. Arte que se
desdobra quando um sorriso te salva.
Inclua-se todos os dias no universo que te exclui. Não para
fazer parte do que te nega, mas como exercício de ser a tua continuidade.
Ninguém fará justiça às tuas mãos que se esvaziam na entrega
abrindo espaço para mais luz que chega. Basta esse ciclo que te habita no giro.
Todo tempo foi gasto no que não te diz respeito. Restou o
sujeito, subjetivo alento, leite de pedra no mundo que nasce a torto e a
direito.
Combine o que esteve fora com o que trazes dentro e exponha
na chuva para testar sua resistência. Depois vista o que teima em ser tu mesmo.
O que te dizem não cola se não estiveres exposto no que há
de verdadeiro. É perigoso pelo deboche explícito, mas não há outro
jeito.Conduza.
Tire para dançar a doce sintonia, a que te faz diferente da
solidão que cultivas.
Há um choque sem fim nas aparências. Busque o abismo, fonte
de surpresas, lá onde a flor do penhasco tece sua rede.
Jogo do amor, vitória suprema de quem não encara
concorrência, mas convive com o grau extremo do gênero transfigurado pela
chance.
RETORNO – Imagem desta edição: Leslie Caron.