Nei Duclós
Sol que se gasta em bruta areia
no transe que o tempo não desvenda
na sombra da febre e do banquete
Esquartejado amor que nos revela
o brilho do Brasil
rilhando os dentes
Baiana luz que agora vela
no já inútil firmamento
Cabeça exposta na tormenta
entre corações que nascem secos
E o choro é de vergonha e de silêncio
do longo despertar e do mau cheiro
Baiana luz, dai-me a eloquência
a voz do mar ou teu cinema
RETORNO - Do livro No Mar, Veremos (Ed. Globo, 2001).