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12 de julho de 2012

TAPETE


Nei Duclós

Tapete de flor sobre a maresia: minha palavra te beijando a boca.

Nem tudo pode ser dito. É preciso calar-se para que caibam os beijos.

Deitaste como a pluma. Sem convicção de pouso, nem impulso de voo. Faltava vento e o colchão era escuro.

Mergulha, flor flutuante. Arrisque a pétala onde a raiz se aninha.

Corpo, âncora do sonho. Te toco e acaba o êxodo.

Arrepia no vento, pele de pêssego.

Inverno quando fica ameno é tu que chega de cachecol vermelho.

Fazes parte de mim como um coração que não tenho. E que fica ao lado do amor que escondo.

Sabe quem somos? Planetas descobertos por adivinhação de receptores acústicos. O espaço geme o que parece prazer, mas é socorro.

Não posso fingir que posso ficar longe. Então me aproximo, sabendo que nossa chance é mínima.

Está frio demais, peregrina do abismo. Nossa queda livre, que era sonho, machuca. Teremos mãos para cravá-las no penhasco?

Melhor fugir, é mais seguro. O mundo está cheio de esconderijos. Tudo é melhor do que ficar exposto na planície, a sentir felicidade, essa única motivação da vida.

Escolhia as palavras porque precisava conquistar-te. Descobri que é impossível. És inexpugnável, coração aflito. Agora digo tudo.

Mas tudo isso é fruto do inverno. Bastará uma tarde de sol para voltarmos à ativa.


RETORNO – Imagem desta edição:  Liz Taylor.