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21 de julho de 2012

QUANDO ME VISITAS


Nei Duclós

Passaste rápido para me dizer bom dia. Ganhei a eternidade.

Quando me visitas, belíssima, acredito na felicidade, que de esperança vira realidade.

Só posso falar assim, em campo aberto. Onde nascem e morrem as flores silvestres no passo da carruagem. És Afrodite na janela.

Não importa que não vejam tua grandeza no limitado espaço que ainda te confina. Sobras, beldade, e isso é o que conta.

Depois que foste criada por acaso, Deus estudou tua forma para inventar o dia claro.

Acredite que não é apenas sonho. Tua beleza é real, como os azuis da manhã sem mácula.

A terra providencia a beleza, encanto para o olhar da longevidade, alma de quem admira sem resguardo.


IMPACTO

Nosso sonho é fruto de um impacto: quando nos vimos enfim depois de tentar nos esconder por milênios.

Enxergo diferente. Sou um farol que escolhe teu navegar em noite de tormenta.

Vimos para o cais para receber os navios enxovalhados pela noite de altas ondas e marés traiçoeiras. Todos estão salvos e nos acenam. Hora de pés descalços e roupas ao vento.

Não se esconda porque te encontro no verso que não dá sossego.

Não por ser sábado e o inverno mostrar um rosto mais ameno, mas porque me deste o ar da tua graça é que me deito nesta grama de doçura plena.

A prazerosa diferença de gênero é a invenção mais docemente irremediável do nosso contentamento.

Aterrisas em mim como a nudez na terra, arrepio de gota de chuva roçando pedra e mato ralo.

Toda palavra te agarra, corpo de deusa ...


RETORNO - Imagem desta edição: Priscila Almeida.