Páginas

11 de julho de 2012

LIRA


Nei Duclós

Musa encontra um personagem com a lira na cartola pede um verso bem bonito para virar realidade.

Centímetro por centímetro, pele de água corrente em regato de montanha.

Não era bem cheiro de sabonete, mas de desejo.

Detalhe do banho, escuto o que vejo, espuma no espelho, toalha até o meio.

Fale de novo do seu banho. Nem precisa de detalhes, apenas me lembre a água escorrendo.

Você se afasta, é justo. Mas não te persigo, apenas chego junto.

Escuto tua canção, sonora. Ela me tomou aos poucos, sem que eu me desse conta.

Converso contigo no colo. Respiras nos meus poros. A noite foi pouco, ave do sonho.

A poesia é o manto que te cobre do frio. Não deixa que teu fogo seja desperdício. Te mantém acesa, no corpo inteiro que vibra.

Não me trate com carinho se não queres que eu volte.

Volte a amar, soldada. A guerra é pesada e dura, precisa dos teus braços, doçura !

Prefiro ficar aqui, contigo. Tudo é estrago lá fora. A não ser que não adies mais aquele passeio.

O vento toca no trinco. É o espírito que tenta entrar mentindo que tem um recado. É só vontade de sair da areia movediça dos desejos e encontrar abrigo em teu querer profundo.

Amor é palavra que não te diz mais nada. O sofrimento se encarregou de esvaziá-la. Mas de repente a caixa esquecida no sótão cai no meio da sala.

Sozinha, sonhas com o melhor. Encaixe imaginado que acontece quase por acaso.

Tua despedida à revelia é fruto da tua vontade de querer.

O que me dizes cansada é o que queres que eu saiba.

Você some para provar que é só sonho. Vê se assoma para embalar meu sono.

Estás comigo, sou teu vício. Acenda-me de novo, perdida

Você precisa de outro. Alguém que não a entenda.


RETORNO – Imagem desta edição: Megan Fox.