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2 de maio de 2012

NUNCA O AMOR FOI TÃO BREVE



Nei Duclós

Nunca o amor foi tão breve
nem a esperança tão rala
o corpo tão humilhado
e tão distante a alma

A mentira vestiu painéis nas vitrines
entrou no rádio, nas casas
nas redações escolares
e nas revistas do armário

Nunca o desencontro ceifou tanto
nem a tristeza esteve tão forte
o beijo não era este esforço
as estações não ficavam doentes

O tempo em que nasci
corrompeu as palavras
Nascer, foi só o que fiz
e nunca foi tão caro



RETORNO - 1. Poema do meu livro Outubro, 1975. 2. Imagem desta edição: cena de Pina, documentário de Wim Wenders.