Nei Duclós
Amor, a única palavra que cabe. O resto sobra.
Nada recupera o amor perdido. Nem tua mensagem, nem meu
grito.
Só o que eu sinto me anima.
Tenha por mim o que foi destruído. Quem sabe eu lembro a
senha.
Coração virou caco de vidro. Corto nele a carne esquecida. E
esse beijo, como era mesmo a magia?
Teus pés resistentes e descalços palmilham a volta para me
manter vivo. Solto o sonho que vai na frente e te envolve.
És a mais bonita do paraíso. Tua luz derruba o olhar de
tanto que vibra. Ela é minha, arrisco dizer para quem quiser ouvir. Sou sua
sina.
Amor é quando a solidão emigra.
Amor, lago profundo onde me descubro. Onde enfim respiro.
É o lugar comum, esse sentimento. Planeta fixo em tua
vocação de deusa.
Ela nem me tocou, só disse um alô. Que dom para me jogar no
abismo!
Só assim me liberto: quando o amor me prende. Senão viro
servo do estéril destino.
O que não teremos mais é a lágrima de chumbo. Ela corrói o
tempo que me resta sem rumo.
Sou teu amor, vê se te convence. Até os anjos murmuram
quando tenho esperança.
Nem pense que não é contigo. É, sim, maravilha.
Quisera esquecer, quem me dera sumir. Mas basta uma só
estrela para que eu me desespere com tua lembrança.
Porque és a rainha do meu firmamento. Virá o apocalipse, mas
esse céu, meu amor, ficará firme.
Eu eu nem quis esse amor, achei tudo estranho. Até que o sol
me bateu no rosto e disse: o que esperas, resistente?
A nobreza do amor aspira à majestade.
Não nasci para isso, me acostumei ao abandono. Por que
vieste, glória do meu sonho?
Não me deem conselhos. Errei ao amar, agora não tem jeito.
Me distraio com atenções vibrantes. Mas só tu, crisálida,
faz vento.
Agora chega. Não me escreva enquanto é tempo.
RETORNO – Imagem desta edição: Grace Kelly.